Resgate histórico

Um pouco da história

Os primeiros anos do século XX prenunciavam melhores dias, não apenas para o estado como um todo, mas também, e particularmente, para Santo Ângelo.

Notava-se, nesse período, que o Rio Grande do Sul iniciava um processo de desenvolvimento industrial, com a concentração de empresas em regiões importantes e, no setor agrícola, era visível a expansão das lavouras, em especial nas zonas coloniais. Por outro lado, esse surto promissor também atingia as regiões dos campos, com o aumento da área pastoril e sua população.

Esses fatores positivos seriam o resultado da pacificação do RS que, emergindo da revolução federalista, iniciava o novo século com a esperança de novos tempos, vislumbrando paz entre filhos da mesma terra, sem o peso das revoluções, embora prevalecendo a hegemonia de um partido político – o PRR.

Por essa época, entre 1900/1904, governava o estado, Antônio Augusto Borges de Medeiros e presidia a assembleia o ten. cel. Antônio Soares de Barcellos. Na esfera federal, mais precisamente no senado da república, no Rio de Janeiro, uma das figuras importantes era a do senador riograndense José Gomes Pinheiro Machado, homem oriundo da região missioneira.

Aqui em Santo Ângelo, também sob a égide do mesmo Partido Republicano Riograndense (PRR), dirigia o poder executivo, como intendente municipal, o coronel Bráulio Oliveira, sendo seu vice-intendente o cidadão João Antônio Pinto. O poder legislativo era centrado no conselho municipal, que tinha como seu presidente o padre Francisco Rosetti de Morano e como vice João Henrique Dam. Na esfera do poder judiciário, era seu titular o juiz de direito, Augusto Leonardo Salgado Guarita.

Por esse tempo, os resquícios das desavenças políticas entre republicanos e federalistas de Santo Ângelo, tal como no estado, estavam quase desaparecendo e a incipiente sociedade santo-angelense então já vivia momento tranquilo, reinando mais harmonia no seio da população. E foi dentro desse espírito fraterno que surgiu a ideia da fundação de uma entidade social que pudesse congregar ainda mais as figuras de destaque da então vila, irmanando as famílias do grupo social.

Fundação do Clube

A iniciativa, partida de Augusto Leonardo Salgado Guarita, tornava-se uma realidade, quando era fundado, a 02 de fevereiro de 1902, o Clube Gaúcho, aparecendo como sócios fundadores os cidadãos: Augusto Leonardo Salgado Guarita, cel. Bráulio de Oliveira, Virgílio José Corrêa, Major Affonso Cortes Taborda, Abelardo Ferraz de Almeida Campos, Chrysanto Gonçalves Leite, Eurico Moraes, Júlio Albrecht, Lucídio Rodrigues, Theodomiro Reis, Ullysses Rodrigues, Bonifácio Pereira Gomes, Accácio Dornelles, Francisco José dos Santos, João Henrique Licht, João Júlio Fenner, João Geruntho, João Baptista Timm, Octaviano Cortes Lourega, Major Tarquino Oliveira, Antônio de Souza Maya, Mateus Beck, Vicente José Rodrigues e Antônio Salvador Fernandes.

Essa nominata está inserida num exemplar dos estatutos do Clube Gaúcho, contendo alteração aprovada na assembleia geral extraordinária de 08/06/1989. E, por ela, conta-se que é 24 o número de sócios fundadores do clube, cujos nomes estão listados acima. acredita-se que deve ter ocorrido um lapso nesse particular. Pois conforme relatório do então presidente guarita, datado de 02 de janeiro de 1905, consta que o clube eram 36(trinta e seis) os sócios fundadores do clube.

Aliás, esse documento, a respeito do quadro social, assim enumera: “sócios efetivos 45, remidos 07, extraordinários 28, correspondentes 24 e fundadores 36”. Portanto, naquela listagem, estão faltando os nomes de 12 sócios fundadores. Pelas pesquisas feitas, sabe-se que a lista completa existe, se no velho arquivo do clube não estiver, acredita-se que ainda seja possível encontrá-la.

fonte: pesquisa e texto de Wilmar Campos Bindé